
É isso mesmo, posso lavar minhas mãos, posso olhar pros céus e desejar redenção com cada pedaço de meu corpo. Não a tenho. Minhas mãos permanecem sujas; meu rosto ainda possui em si cravado, atráves de linhas, todas as noites em claro desejando sumir. Todas as noites eu comtemplei teu rosto, sempre turvo, jogando pra cima de mim toda a culpa. Eu gritei por dentro. Eu implorei para que a paz me entranhasse, que o silêncio tomasse conta de tudo. Quis por um segundo esquecer teu rosto, me ameaçando. Subitamente me arrependi. Por mais que machuque, por mais que me torture, te esquecer seria apagar parte do que eu sou. Você nunca foi meu livro, mas como desejou, faz parte da minha história. Eu quero de volta o tempo em que teu sorriso, sempre presente, iluminava meus dias; eu quero poder dizer que preciso de você mais perto, apesar de estarmos grudados um ao outro; quero ler tuas cartas sem sentir saudade daquela época, mas sim me emocionar por saber do que sentes por mim. Eu desejo profundamente ser aquela que te faz feliz novamente, quero abrir teu maior sorriso com o meu, estampado descaradamente no rosto. Porque eu lhe tenho de volta, mas não és quem eu conheci. Não é pra ti que antes sorria, era outra pessoa em seu corpo, este que sempre me aninhou impecávelmente, que me confortou nos momentos de angústia. Eu encontrava em ti a segurança que faltava em mim, eu perdia contigo o fôlego que economizava durante o dia. Hoje apáticos lado a lado. Com otimismo nossos corpos se tocam, e os olhares se encontram, lhe tenho apenas pelo nome, porque já não lhe sinto assim tão perto. E enquanto deitados em silêncio no momento mais quieto da noite, reparo que até mesmo seu respirar me parece distante.
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